começo de uma nova vida.

Recebi uma mensagem.

De: Peter
Fui à tua procura no orfanato e adivinha: disseram-me que tinhas sido adoptada. Porque é que não me contaste nem me avisaste?
- Oh não.
- Que foi? – Perguntou Yu.
Mostrei-lhe a mensagem.
- Mas o que é que esse quer agora? Tu não lhe vais responder pois não?
- Vou.
- Ele não te merece. Depois de tudo o que ele te disse tu ainda lhe dás letra?
- Não te preocupes.
- Preocupo-me sim. Não lhe respondas
- Teimoso.
- Muito. É uma das minhas melhores qualidades.
Revirei os olhos, apaguei a mensagem e voltei a guardar o telemóvel.
-satisfeito?
- Muito. Ele tem que aprender que tu não és menos que ninguém principalmente menos do que ele. E desculpa voltar a dizer isto mas se ele te tratou assim é porque não te merece. – Deu um sorriso – Já o ….
Interrompi-o.
- Nem precisas de acabar a frase.
- Não me digas que já estás a pensar nele? Aposto que já tens saudades.
- De quem? – Perguntou Patty, aparecendo do jardim.
Yu riu-se.
- De ninguém. É o Yu que já anda a fazer filmes.
- O que é que tu fizeste desta vez Yu?
- Eu? Eu não fiz nada. Apenas me limitei a constatar o obvio. – Disse dirigindo-se para as escadas que davam acesso ao piso superior – Venho já.
- O que é que ele quis dizer com aquilo? – Perguntou Patty confusa.
- Resumindo o Yu pensa que eu e o Andy nos estamos a apaixonar. Enfim…
- E estão?
- Não. São só filmes da cabeça dele.
- Está bem.
- Vocês vêm? – Disse Yu aparecendo no cimo das escadas em calções e com uma toalha.
- Vou. – Disse Patty. – Anda Su. Posso te tratar por Su não posso?
- Podes. Eu que vou para o meu quarto.
- Então porquê? Não me digas que estás com medo de incomodar.
- Não é nada disso. Apenas piscinas não são muito a minha cara.
- Não precisas de entrar na piscina, ficas a apanhar sol. – Disse Patty pegando na minha mão e dirigindo-se para o piso de cima. – Precisas de ajuda para escolher um biquíni?
- Um biquíni?
- Sim. Se apanhar sol, convém.
- Pois.
- Não me digas que tens vergonha do teu corpo.
- Não é…
Não me deixou acabar de falar.
- Anda, eu ajudo-te a escolher um.
Entramos no meu quarto.
- Onde tens os teus biquínis?
- O problema é esse. Eu não tenho biquínis.
- Não costumas ir para a piscina nem para a praia?
- Não. A última vez que pus os pés numa piscina tinha 8 anos e foi porque tive aulas de natação obrigatórias.
- Mas sabes nadar?
- Se ainda não me esqueci acho que sim.
- Então isso resolve-se.
Saímos do meu quarto e fomos até a porta do fundo do corredor onde ficava um dos armários de Patty.
Entramos e ela empurrou uma pequena porta de correr para ambos os lados e deparei-me com um grande espaço cheio de biquínis.
- Escolhe o que quiseres. Devem-te servir.
- Acho que vou precisar de ajuda.
Patty olhou atentamente para mim e depois pegou num biquíni em tons verdes e amarelos.
- Experimenta este. Acho que te vai ficar bem.
Dirigi-me para um pequeno espaço próprio e experimentei o biquíni. Saí e fui ter com Patty.
- Fica-te mesmo bem. – Estendeu-me uma toalha para a mão. – Agora só falta saber se ainda sabes nadar. – Disse enquanto nos dirigíamos para a piscina.
Quando lá chegamos raparei que Yu não estava sozinho. Romeo e Strify encontravam-se a apanhar banhos de sol juntamente com Yu e reparei que ainda estava mais uma pessoa.
Patty dirigiu-se para ao lado do Yu e eu fui para a outra espreguiçadeira que se encontrava ao lado de outra que tinha uma toalha e um telemóvel em cima que não sabia a quem pertenciam, mas não tardei muito a descobrir quem era.
- Por aqui? – Perguntei assim que Andy se deitou na espreguiçadeira ao meu lado.
- Sim. O meu irmão e essa diva que está ao lado dele resolveram arrastar-me até aqui.
- Pois. Diz que fomos nós. Tu é que não paravas de dizer que estavas com saudades dela. – Disse Romeo.
Andy corou.
- Não ligues às bocas do meu irmão. Ele gosta muito de se armar em espertinho.
- Não faz mal. Eu também já tive que aturar o Yu até agora. – disse-lhe de modo a que só ele pudesse ouvir.
Rimo-nos os dois.

Estivemos todos a conversar animadamente e acabamos por jantar todos juntos.
Eram perto das 23 horas quando eles se foram embora e pouco tempo depois fui para o meu quarto. Tomei um banho rápido, vesti o pijama e deitei-me. Tinha combinado ir de manha as compras com Patty e iríamos almoçar pelo shopping visto que Yu iria dar um concerto nessa noite em Erlangen e iria para lá de manha para preparar tudo.
Eram 7 horas quando acordei e como ainda era cedo, fui buscar o meu mp3 e voltei a deitar-me. Meia hora depois já estava farta de estar na cama e de ouvir musica, “ tenho mesmo que por músicas novas” pensei para mim. Acabei por me levantar e ir tomar banho, quando acabei, vesti-me, sequei o cabelo e fui até à cave da casa onde se encontrava o escritório – biblioteca. Reparei que a luz estava acesa e bati à porta. Obtive como resposta um “entre”.
- Por aqui a estas horas? – Perguntou Patty.
- Sim. Estou habituada a acordar cedo e como não conseguia estar mais na cama, resolvi vir aqui buscar um livro.
- Fizeste tu muito bem. Escolhe à vontade.
- Está bem. Então e tu?
- Tenho que ver uns projectos. – Patty era agente imobiliária. – Ficaram de vir aqui busca-los hoje. Senta-te aqui se quiseres.
- Eu não quero incomodar.
- Não incomodas nada. Aliás até acho que me podes ajudar.
- Em quê? – Perguntei sentando-me o lado dela.
- Estás a ver esta lista? – Disse passando-me um lista para a mão – São as preferências de um casal para uma casa. E eu estive aqui a ver e encontrei 5. O que eu não sei é qual será a melhor porque eles não têm muito tempo para ver as cinco casas. Eles disseram que apenas poderiam ver duas ou três no máximo. Porque ela amanhã vai ser internada.
- Posso ver as plantas das casas?
- Claro.
Patty continuou a explicar-me e passado um pouco conseguimos chegar a uma conclusão.
Saímos do escritório e fomos tomar o pequeno-almoço. Estávamos a preparar tudo quando Yu apareceu já pronto para sair. Deu um longo e carinhoso beijo a Patty e de seguida beijou-me a testa.
- Não vais comer nada? – Perguntou a Patty.
- Não te preocupes. Como a meio do caminho. – Disse Yu com um sorriso na cara. – Há, e já agora Susan tenta controlá-la nas compras.
E saiu logo a seguir a ter dado uma gargalhada devido a resposta de Patty.
Acabamos de tomar o pequeno-almoço quando tocaram à campainha. Era o colega de trabalho de Patty que vinha buscar as plantas e saber quais eram as casas e todos esses pormenores.
Íamos a sair quando encontramos Andy.
- Olá.
- Olá. – Dissemos eu e Patty em tempos separados.
- Vais sair? – Perguntou-me Andy.
- Sim. Ia às compras com a Patty.
- Pena. Ia-te convidar para vires dar uma volta comigo.
- Porque é que não vens connosco? – Pergunta Patty.
- Não quero incomodar.
- Não incomodas nada. Assim aproveitas e almoçamos os três juntos que achas? – Perguntou Patty.
- Sendo assim, porque não? Vamos lá.
Fomos passamos o resto da manha a entrar e a sair de lojas e de todas elas tínhamos que trazer alguma coisa.
Tivemos que ir duas vezes ao carro guardar os sacos pois já não conseguíamos pegar em mais.
Almoçamos num restaurante do shopping e de seguida fomos ao cabeleireiro.
Como eu me despachei mais rápido que Patty, visto que ela insistiu que eu fizesse qualquer coisa ao meu cabelo, fui dar mais uma volta pelo shopping com Andy. Ele foi até às casas de banho e eu fiquei à espera dele e azar dos azares Peter apareceu-me a frente.
- Como que então Susan já vi que andavas demasiado ocupada para responder às minhas mensagens e para atenderes as minhas chamadas.
- Peter? O que é que estás aqui a fazer?
- Isso pergunto eu. – Agarrou-me no braço – não me respondeste à minha pergunta.
- Larga-me.
- Só quando responderes à minha pergunta.
- Tu já te esqueceste daquilo que me disseste?
- Eu já te pedi desculpa. Eu estava de cabeça quente.
- E tu achas que eu quero estar com uma pessoa que diz que eu não valo nada por não ter pais?
- eu já te pedi desculpa. Eu não te volto a dizer isso.
- Quem me garante que isso é verdade?
- Eu.
- Pois mas o problema é que a tua palavra não chega.
- Mas isso agora não interessa. Tu para todos os efeitos agora já tens pais. Já podemos ficar juntos.
- Eu não acredito que tu acabaste de dizer isso. – Mandei-lhe um estalo – eu não te quero ver à minha frente NUNCA MAIS, OUVISTE?
- Tu estás a acabar comigo?
- Que te parece?
- Tu não podes acabar comigo. – Ia para me mandar um estalo quando Andy aparece e lhe agarra o braço.
- Está tudo bem Su? – Perguntou enquanto vinha para o meu lado.
- Sim está.
- Tu? – Disseram ambos.
- Agora já percebi como é que tiveram coragem de lhe dizer o que disseram. – Disse Andy
- Isto não fica assim estás a ouvir-me? – Disse Peter enraivecido – podes tentar roubar-me a namorada mas não vais conseguir. A Susan é minha.
- Não, não sou Peter. Entre nós está tudo acabado.
- Podem ter certeza que esta conversa não fica por aqui. – Disse Peter afastando-se.
- Estás bem? Ele fez-te alguma coisa? – Perguntou preocupado.
- Estou bem não te preocupes. Vocês conhecem-se?
- Foi da minha turma até ao nono ano.
- E não se dão lá muito bem pois não?
- Não. Nem por isso. Ele passou a vida a achar-se melhor que tudo e todos. Eu nem o posso ver a frente.
- Mas não vamos falar mais nisso.
- Mesmo. Temos coisas mais interessantes para falar. Vamos indo? A Patty já deve estar pronta.
- Vamos.
- Só é pena já termos que ir.
- Porquê?
- Estava a divertir-me tanto contigo.
- Mas tens alguma coisa para fazer?
- Além de ficar em casa sozinho a olhar para as lindas paredes de minha casa, não.
- Então podemos fazer alguma coisa que dizes?
- Óptimo. – Deu um sorriso e fomos ter com Patty.

Quando estávamos a chegar ao cabeleireiro Patty estava a sair. Antes de irmos para casa fomos à universidade para eu me inscrever.
Quando chegamos a casa eu peguei nos meus sacos juntamente com Andy visto que não eram poucos e fomos até ao meu quarto. Assim que entramos no meu quarto e eu fechei a porta pensei para mim mesma que o Yu me ia matar se bem que eu tentei controlá-la e o consegui fazer minimamente, acho.
- Onde queres que deixe os sacos?
- Podes deixá-los em cima da cama. Sempre vamos sair?
- Sim mas ainda é cedo para irmos onde eu te quero levar.
- E onde é que me queres levar?
- Depois vês.
- Diz-me. Vá lá.
- És curiosa.
- Pois sou.
- É surpresa.
- Fogo. – Fez beicinho.
- Não adianta fazeres isso que eu não te digo.
- Nem uma pistazinha?
- Só te posso dizer que é um dos sítios onde eu mais gosto de estar.
- E já me falaste desse sítio?
- Acho que não.
- Diz-me.
- Não. Não tens compras para arrumar?
- Não me lembres disso. Que vou demorar imenso tempo para o fazer.
- Queres ajuda?
- Se me quiseres ajudar.
- Claro. Por onde queres que comece?
- Podes começar a tirar as camisolas, saias e calças e pousa na cama para eu ir arrumando.
- Está bem.
Enquanto Andy fazia isso eu fui arrumar a roupa mais íntima. Passado uma hora tínhamos tudo arrumado.
Ele olhou para o telemóvel.
- Está na hora.
- E já me podes dizer que sítio é esse?
- Quando chegares lá já vês.
- Tu és mau sabias? – Disse-lhe pondo-lhe a língua de fora.
- É uma das minhas melhores qualidades. Então na cama.
- Andy Nightingale!!! – Disse-lhe em tom reprovador mas também de gozo.
- Que foi?
- Isso são coisas que se digam?
- Tens razão. São coisas que se façam.
- Parvo. – Dei-lhe uma leve chapada no braço.
- Os meninos estão muito animados. – Disse Patty assim que chegamos à sala. – Vão sair?
- Sim. Se não te importares claro.
- É claro que não. Pode-se saber onde é que vão?
- Isso também eu gostava de saber mas este rapaz que está aqui ao meu lado faz questão de me matar de curiosidade. – Disse olhando de lado para Andy.
- Está bem então. Divirtam-se.
- Sempre. – Disse Andy.
Andamos a pé durante mais ou menos 15 minutos até chegamos a um parque onde se viam casais sentados a beijarem-se, pais a passearem com os seus filhos, mais à frente um grupo de rapazes a passarem uma bola entre si, grupos de raparigas a falarem divertidamente até que chegamos a um sítio onde se via um magnífico pôr-do-sol a aparecer. Andy sentou-se na relva e eu sentei-me ao lado dele.
- É para aqui que eu costumo vir quando me sinto mais em baixo ou preciso de pensar.
- Isto aqui é lindo.
- Pois é. É o meu sítio especial. – Disse aproximando-se mais de mim.
Olhei para ele e o nosso olhar cruzou-se. Ficamos uns breves segundos a olhar fixamente nos olhos um do outro até que Andy começou a aproximar os seus lábios dos meus. Os nossos lábios estavam quase a tocarem-se quando eu virei a cara.
- Desculpa. – Andy corou.
Deitei-me na relva.
- Não tens que pedir desculpa. Eu é que não consigo. Ainda é cedo demais para mim.
- Eu compreendo. Posso-te pedir uma coisa?
- Claro.
- Ahm…
- Sim?
- É que… eu queria-te pedir… - respirou fundo – ouves-me até ao fim e só depois é que dizes se aceita ou não?
- Andy desembucha.
- Passa a noite comigo. – Agarrou-me nas mãos. – Não quero dizer para termos alguma coisa. Apenas como amigos. É que eu não consigo estar mais tempo longe de ti.
- Eu não sei.
- O que é que te impede?
- Saber que para ti vai significar algo mais do que uma noite de amigos.
- Eu sei que ainda é tudo muito recente mas eu preciso mesmo disso.
- Eu não te quero magoar.
- Não me vais magoar. Não tens que te preocupar com isso.
- Tens certeza que é isso que queres?
- Tenho. Aceitas?