começo de uma nova vida.

Dei-lhe um sorriso.
- Isso é um sim?
- Hum, hum.
Deu-me um beijo na bochecha.
Recebi um telefonema de Patty a perguntar se não me importava de jantar com o Andy ou se preferia ir com ela jantar com umas amigas dela.
Acabei por jantar com Andy. Depois do jantar resolvemos ir para minha casa ver um filme.
- Andy?
- Sim? Desculpa. Estava distraído.
- A sério? É que eu ainda não tinha percebido isso.
- Que estavas a dizer?
- Qual preferes?
- Este.
Acabamos por escolher um filme de terror. No fim do filme:
- Tinhas mesmo que ter escolhido esse não era?
- Vais dizer que não gostaste?
- Vou.
- Mentirosa.
- Não sou nada. Agora não vou conseguir dormir. – Fiz beicinho.
- Eu ajudo-te a esquecer o filme, se quiseres. - Disse Andy de forma sedutora.
- O que tu queres sei eu e não penso dar-te. – Mostrei-lhe a língua.
- Eu roubo-te.
- Aí sim?
- Sim.
- E como pensas faze-lo?
- Se te disser já não consigo faze-lo.
- É justo.
Dito isto começou a correr atrás de mim. Eu comecei a fugir pelas escadas que davam acesso ao piso superior e de seguida entrei no meu quarto tentando trancar a porta mas sem efeito, o Andy conseguiu entrar e segundos depois ele agarrou-me e acabamos por cair os dois na cama. Ficamos a olhar-nos nos olhos por tempo indeterminado até que eu acabei por sair de baixo dele.
- Bem, eu vou tomar um banho rápido e já volto ok?
- Claro.
- Fica à vontade.
- Está bem.
Estava a entrar na casa de banho quando Andy me chamou.
- Diz.
- Não te demores muito, está bem?
- E se demorar o que é que me acontece? Sou castigada? – Pisquei-lhe o olho.
- Eu não me consigo controlar e acabas por tomar um banho a dois.
- Embora essa ideia me agrade eu gosto de ter o chuveiro só para mim. – Mostrei-lhe a língua.
- Estás avisada. Depois não digas que eu não te avisei.
- Porque será que eu não me acredito que tu sejas capaz de o fazer?
- Não puxes muito por mim. – Disse levantando-se da cama onde se tinha sentado segundos atrás.
Fui tomar banho. Quando acabei vesti um pijama que tinha comprado durante a manhã, sequei o cabelo e fui para o quarto. Assim que abri a porta da casa de banho reparei que Andy já se tinha deitado. Dei por mim a pensar que era maluca por ter aceitado aquilo, mas também era só uma noite de amigos com Andy dizia, apenas iríamos fazer companhia um ao outro. Mas por alguma razão eu estava reticente, talvez por saber que ele era um mulherengo de primeira. E isso fez-me ter outra pergunta a perturbar os meus pensamentos. Porquê eu quando ele podia ter todas as raparigas que ele quisesse, e sabendo que eu não iria dar nada mais?
- Demorei muito? – Perguntei deitando-me ao lado dele.
- Depende.
- Do quê?
- Posso dizer que sim só para te castigar?
- Não.
- Má.
- É uma das minhas melhores qualidades, já dizia alguém que eu conheço.
Rimo-nos.
- Mas conta lá mais coisas sobre ti. – Disse disposta a saber todas as perguntas que me faziam confusão e que teimavam ecoar na minha cabeça.

- O que é que queres saber?
- Tudo o que me quiseres contar.
- Está bem. Eu sou o Andy, sou todo bom, tenho um irmão mais velho chamado Romeo, que tem uma banda…
- Coisas que eu ainda não saiba ò convencido. – Disse interrompendo-o.
- O que é que me chamaste?
- O que tu és.
- Achas que eu sou convencido?
- Tenho certeza.
- Ai sim?
- Sim.
- Parece que te vou ter que castigar.
- E o que pensas fazer?
Começou a fazer-me cócegas.
- Pára. – Disse eu tentando controlar a minha respiração por causa do riso.
- E se eu não parar que fazes? – Perguntou num tão perverso.
- Bato-te.
- Então bate.
- Olha que eu bato mesmo.
- Estou a espera.
Ia para lhe dar um estalo ao de leve mas ele agarrou-me as mãos e pôs-se por cima de mim. Acabamos nos beijando. No fim do beijo permanecemos durante tempo indeterminado a olharmo-nos nos olhos até que Andy saiu de cima de mim.
Ficamos durante algum tempo sem saber o que dizer.
- Desculpa. – Disse Andy.
- Não faz mal.
- Eu sei que não devia mas não me consegui controlar. Desculpa.
Virei-me para ele e esbocei um sorriso. – Não faz mal.
Ficamos a maior parte da noite acordados a conversar.
No dia seguinte acordei e como ainda era cedo acabei por ir ligar o meu novo portátil para ver se encontrava alguma das minhas amigas do orfanato mas sem efeito.
Estive a pesquisar mais sobre a banda do Yu até que recebi uma mensagem. Fui a um dos meus telemóveis, visto que Patty me obrigou a comprar um com a desculpa que o que eu tinha não dava para fazer muita coisa.
De: Peter
Ontem não acabamos a nossa conversa e acredita que temos muito que conversar, principalmente depois de saber com quem é que andavas.

Optei por não lhe responder. Apaguei a mensagem e fui arranjar-me.
Quando saí da casa de banho reparei que Andy tinha acabado de acordar.
- Bom dia. – Disse ele
- Bom dia.
- Estás acordada há muito tempo?
- Há algum. Estou habituada a levantar-me cedo. Estás pronto?
- Sim.
- Vamos tomar o pequeno-almoço?
- Vamos lá.
Meia hora depois o Andy foi-se embora e eu fui para a sala ver televisão. Não tardou muito eu ouvir um bom dia sair ensonado da boca de Yu do cimo das escadas. Olhei para lá e reparei que Yu descia as escadas apenas com uns boxers justos.
- Bom dia. – Respondi-lhe.
- Não à nenhum problema eu andar assim à tua frente pois não? É que eu estou habituado a andar assim pela casa.
- Não há problema nenhum.
- De certeza?
- Claro.
- Já tomaste o pequeno-almoço?
- Já.
- Pena. Ainda pensei que pudesse ter companhia.
- A Patty?
- Foi trabalhar. Como é que correu o dia de ontem?
- Mais ou menos.
- Então? Muito cansativo?
- Antes fosse. Estava a correr tudo muito bem até que apareceu o Peter.
- No shopping?
- Sim.
- Espera um bocadinho. – Disse Yu indo a cozinha e voltando logo de seguida com uma taça de cereais – O que é que se passou? – Disse sentando-se ao meu lado.
- Resumindo? Acabamos de vez.
- Ele tentou fazer alguma coisa?
- Basicamente tinhas razão. Ele é um cabrão. Acreditas que ele disse que agora que eu tinha pais já podíamos ficar juntos?
- Ele disse-te isso? – Perguntou parando de comer os cereais e olhando para mim com um ar chocado.
- Sim.
- Desculpa lá mas esse gajo… não há mesmo palavras para o descrever. – Disse em tom zangado. - E tu como é que estás?
- Estou bem.
- De certeza?
- Sim.
- Agora é que reparei que escalaste o cabelo e fizeste madeixas.
- Sim. A Patty fez questão que eu fizesse alguma coisa com o meu cabelo e como eu queria fazer madeixas à já algum tempo, aproveitei.
- Fizeste bem. Ficam-te muito bem.
- Obrigado.
- E que mais é que compraram?
- Queres mesmo saber?
- Deixa-me adivinhar… encheu o carro?
- Só a mala.
- Menos mal.
- E com um portátil no banco de trás.
- Comprou um portátil?
- Sim. Eu fiz os possíveis e os impossíveis para não comprar mas ela resolveu comprar na mesma. Assim como a maior parte das compras.
Estivemos a falar durante mais um pouco até que Yu se foi vestir.
Estávamos os dois num banco do jardim. Yu estava a ensinar-me a tocar uma das suas músicas quando recebi uma mensagem.

De: Peter
Porque é que não me respondes às mensagens? Estás muito entretida com o teu novo amiguinho é? Eu nem acredito que me trocaste por aquela coisa. Isto não fica assim. E o melhor para todos é tu ligares-me para combinarmos alguma coisa porque a nossa conversinha ainda não acabou.

Porque será que ele não desiste? Estou tão farta disto. Quando reparei, Yu estava a olhar para mim com uma expressão preocupada.
- Que se passa?
Passei-lhe o telemóvel.
- Mas o que é que este gajo quer agora?
- Não aceita o facto de eu ter acabado com ele. E de me dar com o maior inimigo dele.
- Não lhe respondas. E se ele te mandar mais alguma coisa diz-me.
- Está bem.
- Estás bem?
- Sim.
Ouvimos a porta a bater. Patty tinha acabado de chegar. Eu e Yu fomos para dentro.
- Então que estavam a fazer? – Pergunta Patty com um sorriso na cara.
- Estava a ensinar a Su a tocar uma das minhas músicas.
- Fazem vocês muito bem.
- E como é que te correu o dia? – Perguntou Yu
- Bem. Um pouco cansativo mas correu bem. – Disse Patty.
- Onde é que o Andy te levou ontem?
- Tu foste sair com o Andy? – Pergunta Yu
- Fomos dar uma volta até a um parque.
O meu telemóvel começou a tocar. Informei que era Andy e atendi enquanto que nos lábios do Yu se formava um sorriso perverso trocando olhares com Patty enquanto ele lhe deu uma chapada no braço.
- Olá.
- Olá.
- Um amigo meu convidou-me para ir sair com ele e com a namorada mas não me estava nada a apetecer ir sozinho com eles. Por acaso não queres ir comigo?
- Por mim pode ser. Mas deixa-me confirmar com o Yu e com a Patty.
- Está bem.
- Yu? Patty?
- Sim? – Responderam ao mesmo tempo.
- O Andy convidou-me para ir sair importam-se que eu vá?
- Ui. Ui agora andam sempre juntinhos? – Gozou Yu. – É um encontro romântico? – Perguntou desando-se a rir logo de seguida.
- Não. E não vamos só nos. Vão mais uns amigos dele.
- Está bem. Vai lá.
- Obrigada.
- Ainda estás aí? – Perguntei para Andy.
- Claro. Podes?
- Sim.
- Então daqui a meia hora passamos por aí pode ser?
- Sim.
- Até já.
- Ate já.
Desliguei a chamada e fui me arranjar. Meia hora depois a campainha tocou.
Foi Patty que abriu a porta enquanto eu estava a descer as escadas.
- Jessica?
- Su? És tu a famosa amiga do Andy?
Abraçamo-nos
- Que saudades amor.
- Eu também estava a morrer de saudades. Nunca mais foste ao orfanato fazer uma visita.
- Estive lá ontem quando soube que já tinhas sido adoptada.
Yu apareceu da cozinha.
- Há festa e eu não fui convidado?
- Oh meu deus. Tu és…o…Yu? – Perguntou Jessica gaguejando.
- Fã? – Yu perguntou dando um sorriso.
Jessica apenas acenou positivamente com a cabeça.
- Tu és fa dos cinema bizarre? – Perguntei
- Su. O que é que o Yu está a fazer em tua casa? – Perguntou histericamente.
Olhei para Andy e rimo-nos.
- Ela não sabe pois não?
- Não. Mas vocês já se conhecem?
- Sim.
- Éramos as melhores amigas. - Disse Jessica
- Já não somos é? – Perguntei fingindo que estava chocada.
- Parvinha. É claro que somos.
- Já agora este é o Jesse. O meu namorado.
- Já ouvi dizer que sim. Olá Jesse.
- Olá.
- Então e tu e o Peter ainda namoram?
- Nem me falem nesse gajo. – Disse Yu num tom furioso.
- Já não.
Jessica ficou a olhar muito serio para Yu no percebendo a reacção.
- Eu depois ponho-te a par de tudo.
- Está bem. Vamos?
-Vamos.